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quinta-feira, 5 de abril de 2012

historicidade da ressurreição



     A ressurreição de Jesus Cristo é um dos temas mais difíceis do cristianismo. Eu nunca cheguei a duvidar da ressurreição, mas nos últimos tempos tenho tido ainda MENOS dúvidas! Conforme tenho lido e pesquisado sobre o assunto, vejo que mais e mais indícios comprovam a ressurreição como um fato histórico.
     Este é um dos assuntos onde os céticos têm mais dúvida e, coincidentemente (se você acredita em coincidências, eu pessoalmente, não acredito), é o pilar do cristianismo. Todas as profecias do Antigo Testamento e tudo o que Jesus ensinou, fazem todo o sentido pelo foco da ressurreição. Todas as pontas soltas são amarradas.
     Lembro-me de que na faculdade de história, esse sempre foi um tema espinhoso, tanto entre colegas quanto nos livros que lia. Uma passagem, especialmente, sempre me marcou muito. É do livro de Ernest Renan, “A vida de Cristo”.
     Antes de falar da passagem do livro, deixe-me falar rapidamente sobre o contexto do autor e sua obra. Isso é importante pois foi na época em que o autor vivia que começou a se separar seriamente a ciência da religião.
     Em vistas das revoluções industriais e do avanço da ciência, o homem desta época acredita ter achado na ciência a garantia infalível do seu próprio destino. Por isto ele abandona, por achar inútil e supersticiosa, toda alegação sobrenatural, encerrando nas formas da ciência a moral, a religião, a política, a totalidade de sua existência. Procurava-se produzir dados concretos a partir da observação, assim somente o mundo físico ou material poderia ser analisado. A religião foi jogada para escanteio.
     Existiam várias formas de positivismo, sendo os principais, o positivismo social e evolucionista, que empregava as teorias de Charles Darwin para explicar a evolução das idéias e das religiões ( o paganismo evoluiu para o monoteísmo).
     Ernest Renan nasceu em meio a esse contexto positivista do século XIX, na França. Em 1860 publica seu livro “A vida de Jesus” muito polêmico, mesmo pra época. Neste livro Renan transforma Jesus em um simples médico encantador, bem de acordo com o pensamento racionalista que pairava em certos grupos letrados. Para o autor, Jesus, apesar de ser uma grande personalidade, continuava a ser apenas um homem.
Para uma pessoa cética, como era Renan que, apesar de acreditar em Deus, tinha dificuldades em acreditar em um Ser Criador do universo, é difícil acreditar em milagres ou na ressurreição. 
     Mas, podemos ressaltar, é muito mais difícil acreditar em um mundo sendo originado do nada e onde a vida evolui de um ser unicelular para um ser complexo com um mente racional. A mente evoluiu também?
     Renan diz não ter negligenciado nenhuma fonte antiga, como as obras de Josefo e o talmude e os próprios escritos do Novo Testamento. Mesmo assim, atua com ceticismo para com estes documentos.  
Josefo e o talmude, como fontes independentes e não cristãs falam sobre a ressurreição e a vida de Jesus. Bastariam para ‘provar’ os fatos cristãos. Mas para um autor que se diz racional, nenhum milagre pode existir, e portanto ele os descarta, sem um análise mais consistente.
     Renan encontrou as mesmas dificuldades ao ler o Novo Testamento que um cético/ateu encontra hoje. Utilizando um método de analisar o texto dentro do seu contexto, o autor apontava que o texto de Mateus é o que merece mais confiança, enquanto que com relação à obra de Lucas, o valor histórico seria mais fraco, pois nele as palavras de Jesus são forçadas e algumas são inclusive falseadas. Muitos autores modernos tem encontrado em Lucas muitas referências históricas que comprovam a exatidão de seu texto, sendo este evangelista considerado um verdadeiro historiador. 
       Para Renan, a busca por humanizar Jesus, torna este um grande revolucionário, cujos milagres foram exagerados pelo povo. Estes milagres não passaram de curas e Jesus foi um grande curandeiro. Mas se ele dizia ser o Filho de Deus, não se pode acreditar que ele foi uma grande personalidade, ou um curandeiro. Ou se diz que ele era louco, ou se acredita que ele era o filho de Deus e que ele podia realizar milagres e maravilhas. Aliás, o que seria a cura de um paralítico para o criador do universo? 
       Por fim, a passagem que muito me marcou nos tempos de faculdade é o último parágrafo do livro “A vida de cristo”.
            No domingo de manhã, as mulheres, tendo Maria de Madalena à frente, foram bem cedo ao túmulo. A pedra estava deslocada da abertura, e o corpo não estava mais no lugar em que o haviam colocado. No mesmo instante se espalharam os mais estranhos boatos pela comunidade cristã. O grito ‘ele ressuscitou’, correu entre os discípulos como um relâmpago. O amor proporcionou uma fácil credibilidade por toda a parte. O que tinha acontecido? (...) a vida de Jesus, para o historiador, acaba com seu último suspiro. (...). em que condições de entusiasmo, sempre crédulo, eclodiu o conjunto de relatos através do qual se estabelece a fé na ressurreição? É o que, por causa de documentos contraditórios, sempre ignoraremos. Digamos, no entanto, que a forte imaginação de Maria Madalena desempenhou, nessa circunstância, papel essencial. Poder divino do amor! Momentos sagrados em que a paixão de uma alucinada dá ao mundo um Deus ressuscitado!" (Renan, Ernest. A vida de Jesus. Martim claret, p. 393-394, grifos meus.).
    Assim, para Renan, a história da vida de Jesus acaba com sua morte, o historiador não deve se preocupar com a Ressurreição, pois para ele isto não é um fato histórico, e sim produto da mente influenciadas pelos recente acontecimentos

            Historicidade dos evangelhos e historicidade da Ressurreição.
            Primeiramente, falemos acerca da historicidade de Jesus. Incluindo Flávio Josefo, existem dez escritores não-cristãos conhecidos que mencionam Jesus num período de até 150 anos depois de sua morte: Tácito, historiador romano; Plinio, o jovem, político romano; Fiegon, escravo liberto que escrevia histórias; Talo, historiador do século I; Suêtonio, historiador romano; Luciano, satirista grego; Celso, filósofo romano; Mara bar Serapion, cidadão reservado que escrevia para seu filho; e o Talmude.
            “Por outro lado, nestes mesmos 150 anos, existem nove fontes não-cristãs que mencionam Tibério César, o imperador romano dos tempos de Jesus. Se você incluir as fontes cristãs, os autores que mencionam Jesus superam aqueles que mencionam Tibério numa proporção de 43 para 10. À luz dessas referências não-cristãs, a teoria de que Jesus nunca existiu é claramente injustificável. De que maneira escritores não cristãos poderiam juntos revelar uma narrativa congruente com o Novo Testamento se Jesus nunca tivesse existido?”(Geisler, Turek. Não tenho fé suficiente para ser ateu, p. 165- 166.)
            Sobre as testemunhas oculares: Geisler e Turek dizem que “em diversos relatos do Novo Testamento, Pedro, Paulo e João afirmar ser testemunhas oculares e Lucas e o autor de Hebreus afirmam terem sido informados por testemunhas oculares. Além disso, Paulo cita uma lista de 14 pessoas cujos nomes são conhecidos como testemunhas oculares da ressurreição (os doze apóstolos, Tiago e ele mesmo) e afirma que havia mais de 500 outras pessoas. Mateus e Lucas confirmam as aparições aos apóstolos. Todos os quatro evangelhos mencionam as mulheres como testemunhas, e Marcos as identifica como Maria Madalena; Maria, mãe de Tiago, e Salomé. Lucas apresenta Joana. Isso equivale a mais de quatro. O primeiro capítulo de Atos também revela que José, chamado Barsabás, foi testemunha ocular.” (geisler, turek, não tenho fé suficiente para ser ateu, cap. 10).
     Um estudo interessante de Colin Hemer faz um detalhamento de 84 fatos somente nos últimos 16 capítulos de Atos que foram confirmados por pesquisa histórica e arqueológica. A historicidade do livro de Atos é impressionante, sendo Lucas considerado pela maioria dos críticos um historiador clássico. Mas há um aspecto que os céticos ficam desconfortáveis: Lucas relata um total de 35 milagres no mesmo livro no qual registra todos esses 84  detalhes historicamente confirmados.
     Além disso, os autores do Novo testamento incluíram em seus textos, pelo menos, 30 pessoas historicamente confirmadas. Os autores do Novo Testamento teriam minado sua credibilidade diante dos ouvintes contemporâneos ao envolverem pessoas reais em uma mentira, especialmente pessoas de grande notoriedade e poder. Não há maneira de os autores do Novo Testamento terem seguido adiante escrevendo mentiras descaradas sobre Pilatos, Caifás, Félix e toda a linhagem de Herodes. Alguém os teria acusado por terem envolvido falsamente essas pessoas em acontecimentos que nunca ocorreram.
     Os apóstolos e autores do Novo Testamento, além de abandonarem instituições judaicas sagradas há muito tempo e adotar novas, sofreram perseguição e morte quando poderiam salvar-se ao renunciar aquilo que pregavam. Se tivessem inventado a história da ressurreição de Jesus, certamente teriam dito isso quando estava prestes a ser crucificados (Pedro), apedrejados (Tiago) ou decapitados (Paulo).
     “Por que uma religião se espalha quando seus adeptos são perseguidos, torturados e mortos durantes seus primeiros 280 anos? Talvez porque existam alguns testemunhos bastante confiáveis sobre acontecimentos miraculosos que provam que o cristianismo é verdadeiro. De que outra maneira você poderia explicar o fato de que pessoas assustadas, expulsas, céticas e covardes repentinamente se tornarem os mais dedicados, determinados, pacíficos e abnegados missionários que o mundo jamais conheceu?” (Geisler, Turek, op. Cit,, 219).
     
     Enfim, há muitos dados e estudos que confirmam a ressurreição de Jesus como um fato histórico. Para mais informações consulte-se o livro de Norman Geisler e Frank Turek, "Não tenho fé suficiente para ser ateu". Estes autores mostram que a vida e morte de Jesus são um conjunto de fatos mais bem documentados do mundo antigo. 
     Tem que se ter muita fé para NÃO acreditar na ressurreição de Jesus. 

Leia: Mateus, Capítulos 27:57 ao capítulo 28.
soli deo gloria



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