Um dia a Mabel, minha esposa, ficou curiosa sobre uma passagem em 1 Samuel onde aparece o "Urim e o Tumim" e me perguntou se eu sabia o que era isto. Fui pesquisar um pouco sobre estas pedras. É muito legal como uma passagem, que quase passa batida, assume um outro aspecto, totalmente rico e cheio de significado. Foi isso que aconteceu quando comecei a me aprofundar no estudo.
A primeira aparição do Urim e do Tumim é em Êxodo capítulo 28, no contexto onde Deus fala acerca das vestes sacerdotais a Moisés. Mais precisamente no versículo 30 lêmos:
"Também porás no peitoral do juízo o Urim e o Tumim, para que estejam sobre o coração de Arão, quando entrar perante o Senhor; assim, Arão levará o juízo dos filhos de Israel sobre o seu coração diante do Senhor continuamente."
Neste peitoral, como pode ser visto na imagem acima, eram afixados as doze pedras preciosas, com os nomes gravados das doze tribos. Dentro dele iam o Urim e o Tumim, que também eram pedras preciosas.
Muito se tem discutido sobre a real utilidade dessas pedras; aparentemente elas caíram em desuso após o reinado de Davi. Mas há alguns fatos que pesquisadores encontraram sobre estas pedras.
Essas peças oraculares, seriam pelas quais o juízo de Deus podia ser conhecido, explicando o nome da peça da vestimenta sacerdotal de "peitoral do Juízo". Os nomes destas duas pedras significam, respectivamente, "luzes e perfeição", no hebraico. Se tomados literalmente, estes nomes podem ser uma referência à natureza de Deus cuja vontade elas revelam.
Agora, algo muito esclarecedor: segundo Alan Cole, em seu comentário sobre o Êxodo, elas podiam ter sido usadas no sentido de "alfa e ômega", princípio e fim (Ap. 1:8), já que os dois nomes começam respectivamente com a primeira e a última letras do alfabeto hebraico. Estas "sortes" sagradas eram usadas para discernir a orientação divina, normalmente com respostas do tipo "sim" e "não"; o exemplo mais claro é o caso da indagação de Saul em 1Sm 14:41).
A natureza ou forma do Urim e Tumim é bem incerta: a sugestão mais provável é a de duas pedras preciosas, mas a maneira em que eram usadas não é clara. A julgar pelas analogias mais recentes, uma das pedras era retirada (ou lançada fora) do peitoral, e a resposta "sim" e "não" dependeria de qual pedra aparecesse.
O sistema de "lançar sortes" depois de orar como meio de obter orientação reaparece em Atos 1:26, na escolha do novo discípulo. Mas mesmo no Antigo Testamento havia outras maneiras aceitáveis de se pedir orientação divina, como vemos em 1Sm 28:15 (pelos profetas, pelos sonhos). Pode-se presumir que, à medida que crescia a atividade profética em Israel, a necessidade de se recorrer a tais métodos "mecânicos" de orientação diminui. Na Nova Aliança não é por acaso que, depos da vinda do Espírito Santo (Atos 2), o uso de "sortes" não mais acontece. Deus passa a guiar o povo diretamente.
Jesus Cristo é o sacerdote eterno, o Alfa e o Ômega, não precisamos de "sortes" para sabermos nosso juízo. É Ele quem leva nosso juízo na presença de Deus. Nós, o povo de Deus,
"os quais hão de prestar conta àquele que é competente para julgar vivos e mortos." 1Pedro 4:5.
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