O testemunho ocular
é tão essencial quanto a investigação dos fatos históricos – até mesmo quando
se investiga se Jesus é realmente o filho unigênito de Deus.
Mas, que testemunhos oculares
temos? Será que temos o testemunho de alguém que interagiu com Jesus, que ouviu
seus ensinamentos, presenciou seus milagres, testemunhou sua morte e que,
talvez, tenha se encontrado com ele após sua alegada ressurreição? Há algum
registro de “jornalistas” do século I que tenham entrevistado testemunhas
oculares, fazendo perguntas difíceis e registrando escrupulosamente o que
consideraram ser verdadeira? E, não menos importante, em que medida esses
relatos passariam incólumes pelo escrutínio dos céticos?
Richard Bauckham escreveu um
importante livro chamado “Jesus e as testemunhas oculares” em que ele diz que
os Evangelhos são antes de mais nada testemunhos. Segundo Bauckham os
Evangelhos estão muito próximos da forma como as testemunhas oculares contaram
suas histórias ou transmitiram suas tradições. Os Evangelhos incorporam o
testemunho de testemunhas oculares, não sem alteração e interpretação, mas de
um modo fiel a maneira como as próprias testemunhas oculares o narraram. O
Evangelho de João, por exemplo, foi escrito por uma testemunha ocular, o
discípulo amado.
Durante muito tempo, entre
estudiosos egressos de uma corrente conhecida como Crítica das formas,
apontaram, erroneamente, que as tradições sobre Jesus, suas ações e palavras
passaram por um longo processo de tradição oral na comunidade cristã primitiva
e alcançaram os escritores dos Evangelhos somente num estágio posterior desse
processo. Entretanto, esse tipo de argumento parece pensar que os discípulos
foram arrebatados para o céus imediatamente depois da ressurreição, já que eles
não poderiam ter continuado e servido de testemunhas oculares.
Portanto,
o que é claro, é que muitas das testemunhas oculares que participaram dos
eventos das narrativas dos Evangelhos não se retiraram imediatamente, mas sim
percorreram comunidades jovens por pelo menos uma geração, pregando e
conversando sobre suas memórias.
Assim, é importante frisar: os
Evangelhos foram escritos dentro da memória viva dos acontecimentos que eles
narram! O Evangelho de Marcos foi escrito bem dentro do período de vida de
muitas das testemunhas oculares, ao passo que os outros três Evangelhos
canônicos foram escritos no período em que testemunhas oculares viventes
estavam se tornando escassas, exatamente no período do tempo em que o
testemunho delas pereceria com elas se não fosse colocado por escrito.
O período entre Jesus e a
escrita dos Evangelhos foi coberto não por transmissão anônima de comunidade
[isto é uma velha teoria de que cada Evangelho foi escrito por uma comunidade,
como a comunidade de Marcos, a de Mateus e assim por diante], portanto, não
anônima, mas pela presença e testemunho constante das testemunhas oculares, que
permaneceram fontes autorizadas de suas tradições até a morte. As tradições
evangélicas não circularam anonimamente, mas em nome das testemunhas oculares.
Portanto, as ultimas pesquisas em Novo Testamento tem demonstrado, não devemos
imaginar os escritos dos Evangelhos derivados de tradição oral, mas sim do
testemunho de testemunhas oculares, o que coloca um outro peso na veracidade do
que se contou nos Evangelhos.
Os antigos historiadores,
tais como Tucídides, Políbio, Josefo e Tácito, estavam convencidos de que a
verdadeira história poderia ser escrita somente enquanto os acontecimentos
ainda se encontravam dentro da memória viva, e consideravam como suas fontes os
relatos orais de daqueles que participaram dos eventos. Autopsia era o termo
grego para “ver com os próprios olhos”, o testemunho de uma testemunha ocular.
Os Evangelhos utilizaram este tipo de fazer história, o testemunho de
testemunhas oculares.
Veja-se o exemplo do papel das
mulheres nos evangelhos sinóticos. Como testemunhas oculares elas foram
essenciais: elas veem Jesus morrer, elas vêem seu corpo ser colocado na tumba,
elas encontram a tumba vazia. O fato de algumas mulheres estarem presentes em
todos os três eventos significa que elas podem testemunhar que Jesus estava
morto quando foi posto na tumba e que foi a tumba na qual ele foi sepultado que
elas depois encontraram vazia. Todos os três Evangelhos sinóticos
reiteradamente aponta que as mulheres “viram”. Não poderia ser mais evidente
que os Evangelhos estejam apelando para o papel delas como testemunhas
oculares.
A história de Maria Madalena na
tumba de Jesus é uma dos maiores histórias auto-identificadoras em todos os
evangelhos. Primeiramente, sabendo da tradição falada sobre o passado de Maria
Madalena (Lc 8.2: curada de espírito maligno), é dificil de acreditar que os
primeiros cristãos teriam inventado uma historia sobre Jesus aparecendo
primeiramente a ela.
Richard
Bauckham afirma que se os evangelhos os Evangelhos incorporam o testemunho de
testemunhas oculares, então algumas das testemunhas oculares, pelo menos, devem
ter sido capazes de testemunhar não somente em relação a episódios particulares
ou a ditos específicos de Jesus, mas com respeito a todo o curso da história de
Jesus. De modo geral, os quatro Evangelhos concordam com a extensão dessa
história: ela começa com João Batista e termina com as aparições da
ressureição. (As narrativas da infância de Mateus e de Lucas, bem como o
prólogo de João, são prólogos da história,e visto que o Evangelho de Marcos não
narra as aparições da ressurreição, ele termina por predizê-las.
Uma referência
importante a essa reconhecida extensão da história de Jesus aparece no primeiro
capítulo dos Atos dos Apóstolos. O contexto é a eleição de um sucessor para
Judas Iscariotes, a fim de completar o numero dos Doze. Pedro afirma que um
candidato para essa vaga deve ser alguém que
“conviveram conosco [os onze discípulos] todo o tempo em que o Senhor
Jesus entrou e saiu dentre nós,
Começando desde o batismo de João até ao dia em que de entre nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição.” (At. 1.21-22)
Começando desde o batismo de João até ao dia em que de entre nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição.” (At. 1.21-22)
A inclusio do testemunho de testemunha
ocular em Marcos
O Evangelho de
Marcos emprega um artifício literário para indicar precisamente a qualificação
por parte de suas fontes de testemunhas oculares. O primeiro discípulos
nominado em Marcos é Pedro (Mc 1.16-18); ele é também o último: “Mas ide, dizei
a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o
vereis, como ele vos disse.” (Marcos 16:7). As duas referencias forma uma inclusio ao redor de toda a história,
sugerindo que Pedro é a testemunha cujo testemunho inclui o todo. Isso é uma
confirmação de antigas hipóteses de que Pedro era a fonte das tradições
evangélicas no Evangelho de Marcos. Sem contar que Marcos é o Evangelho que, de
longe, mais cita o nome de Pedro/Simão.
Evidência paulina de transmissão formal
[Bauckham, cap. 11, transmissão das
tradições de Jesus]
Nas Cartas de Paulo
temos dados de que o movimento cristão primitivo realmente praticou a
transmissão formal da tradição. Por “formal” devemos entender que havia
práticas especificas para assegurar que a tradição fosse fielmente passada de
um transmissor qualificado a outro. A prova é encontrada no uso que Paulo faz
de termos técnicos para a transmissão de uma tradição (paradidomi) e para a
recepção de uma tradição (paralambano): “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi.” (1 Coríntios 15:3) Essas
palavras gregas eram usadas para transmissão formal de uma tradição nas escolas
helenísticas e, portanto, teriam sido familiares aos leitores gentios de Paulo.
Atestando que este
se tratava de um credo cristão anterior a Paulo está a análise textual da
passagem: há uma numero de palavras neste credo que o aponta como não
pertencente ao estilo de escrita de Paulo. Algumas frases somente aparece neste
credo e em nenhum outro lugar nos escritos de Paulo tais como: “pelos nos
pecados” (v.3); “segundo as Escrituras” (v3-4); “ressuscitou” (v.4); “terceiro
dia” (v. 4); “foi visto” (v.5-8); “os doze” (v.5). [Gary Habermas, Historical
Jesus, p. 153-154].
Estudiosos têm datado este credo se originando
em meados de 30 d.C. mais especificamente, entre 3 a 8 anos após a crucificação
de Jesus.
De quem Paulo
recebeu estas tradições? Em Gálatas, Paulo admite que, após três anos do seu
chamado a ser apóstolo, ele visitou Jerusalém e passou duas semanas com Pedro
(Gl 1.18). A crucificação de Jesus é datada por volta de 30 d. C e a conversão
de Paulo é datada de 33 a 35 d.C. três anos após sua conversão, 36 a 38 d.C,
Paulo visitou Jerusalém.
Duas semanas de
conversa com Pedro (pois ele afirma não ter visto nenhum dos outros apóstolos,
à exceção de Tiago: v.19) é uma porção de conversa. Podemos presumir que eles
não gastaram todo o tempo falando do tempo. Devemos presumir que Paulo estava
se tornando inteiramente informado sobre as tradições de Jesus tais como
formuladas pelos Doze, aprendendo-as do líder dos Doze, Pedro. Antes, ele já
pregava mediante a revelação de Jesus Cristo durante o tempo de seu chamado
(v.11-12). Mas lhe faltava, porém, detalhes acerca das palavras e feitos de
Jesus.
Portanto, Paulo
recebeu o credo entre 5 a 7 anos após a crucificação, assim, o que Paulo está
falando em 1 Co 15 é material que procede diretamente dos eventos em questão e
este credo é crucial para a discussão da morte e ressurreição de Jesus. Este
credo atende toda demanda racional sobre confiança histórica.
Questão da
confiabilidade das memórias dos testemunhos oculares.
- 1. Acontecimento
único ou incomum
- 2. Acontecimento
no qual uma pessoa está emocionalmente envolvida
- 3. Repetição
freqüente
-4. Pontos de
vista diferentes
Concluindo, os Evangelhos são essencialmente testemunhos de testemunhas oculares. Os autores dos Evangelhos e mesmo das cartas apostólicas conheçaram pessoalmente pessoas que tiveram contato pessoal com Jesus, a maioria, desde o início de seu ministério.
Concluindo, os Evangelhos são essencialmente testemunhos de testemunhas oculares. Os autores dos Evangelhos e mesmo das cartas apostólicas conheçaram pessoalmente pessoas que tiveram contato pessoal com Jesus, a maioria, desde o início de seu ministério.
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