terça-feira, 6 de abril de 2010

Sub specie aeternitatis

     Se não me engano, foi o filósofo holandês Spinoza que cunhou o termo em latim "sub specie aeternitatis" que  significa do ponto de vista da eternidade, ou seja algo que descreve o que é universalmente verdadeiro, ou para mim, algo não efêmero. 
     Assim, procuro, algumas vezes (poucas, preciso melhorar isto), olhar as coisas desta perspectiva. Desde uma grande ação à um fato corriqueiro, como uma música. Como cristão, procuro músicas que não vão contra a minha fé. Deixe-me explicar. Não sou um xiita, não é porque a música não fala diretamente de Deus que eu a descarto. Se a música é contra Deus aí passo longe. Mas, se uma banda resolve escrever letras de músicas sobre política ou história, por exemplo, não posso consumi-la por não ser música "sagrada". No ambiente das igrejas muitas vezes vivemos um contexto bem claro de divisão entre "bem" e "mal". Na verdade, se tratada velha heresia maniqueísta, onde as coisas materiais são más. 
     Com as negações do que está fora da igreja, vejo muita gente perdendo coisas interessantes. Eu sou fã de música, principalmente do estilo "rock progressivo". Se desse ouvido ao que alguns dizem, que "rock é coisa do diabo", teria deixado de ouvir e meditar sobre inúmeras músicas. A medida que pesquisei sobre esse estilo, descobri uma série de músicos que se converteram ao cristianismo, antes ou durante a integração à uma banda. E eles continuam nestas bandas, mesmo que elas não façam música "cristã" na etiqueta boba que tendemos a dar. Sim, porque se um cristão está numa banda que não é denominadamente cristã ele pode chegar aonde milhares de bandas "ungidas" não conseguem nem pisar. Ele pode escrever letras com influência cristã sem serem músicas de louvor. Este músico cristão pode, ao compor, denunciar situações político-econômico-sociais. Mas o melhor de tudo, ele pode expor sua visão de um cristianismo global, quer dizer, de uma vida inteira devotada à Deus, de tudo que o cerca ser visto através da perspectiva da eternidade, sem ser cansativo, repetivivo e cliché. 
     Deixo exemplos aqui de músicos que com suas bandas ou projetos paralelos tem levado a visão cosmogônica cristã  à uma juventude em busca de respostas. 
    Neal Morse - tocou durante muito tempo na banda que ajudou a fundar "Spock's Beard". Nesta banda trabalhou na obra prima que é o álbum "Snow", um trabalho conceitual (todo o cd conta uma história), em que o albino de nome Snow, em busca de iluminação, se muda para Nova York. Neal Morse levou seu talento como compositor e multi-instrumentista para escrever vários álbuns solos, todos com forte apelo cristão, mas sem deixar suas influências do rock progressivo de lado. Assim, obras como "Testimony" (em que conta sua conversão), "Question Mark" (sobre o tabernáculo dos judeus) e "Sola Scriptura" (sobre a reforma protestante) vieram à luz. Pelos fóruns na internet, tenho visto que mesmo aqueles que não são cristãos têm ouvido e, mesmo não gostando da mensagem, uma semente foi plantada. 

     Peter Gee - baixista, também membro de uma banda importante de rock progressivo. Nascido em berço cristão, sua influência é percebida em todos os álbuns em que trabalha, especialmente em seus discos solos. A visão cristã é perceptível desde o título dos albuns: "Heart of David", "Vision of angels" e "The Spiritual World".

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