segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Os reis magos



                                                                Adoração dos magos, de Bartolomé Esteban Murillo

   Chegando Dia de Reis que, na hagiografia católica é comemorado dia 6 de janeiro, eu me lembro de leituras que fiz sobre os misteriosos Reis Magos relatados na bíblia. Aqui apresento algumas das teorias acerca destas personagens cercadas de muitas lendas. Uma obra que traz um resumo das teorias é o livro "The first christmas", editado pela Biblical Archeology Society.
   A menção aos Reis Magos só aparece no evangelho de Mateus, no ínicio do capítulo 2:
   v1. Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusálém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos Judeus? Porque vimos sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo. v11. Entrando na casa, viram [os magos] o menino com Maria, sua mãe. Prostando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra.
   Assim, não há número nenhum de magos na descrição de Mateus. A hipótese de três magos se baseia no número de presentes dados a Jesus e se tornou tradicional.
   Estas figuras desde cedo aparecem na arte cristã. Foi encontrado um afresco em uma catacumba em Roma, na metade do século III d. C, sendo a mais antiga representação dos magos (ver imagem abaixo). Segundo historiadores, a evidência artistica prova a importância dos primeiros visitantes de Jesus para a igreja nascente. Ao lado de tratados teológicos, sermãos, poesias, a arte serve para se compreender a figura destes homens do oriente.
  
Câmara na Catacumbe di Priscilla em Roma. No alto, três figuras se aproximam de Maria e de Jesus. original: http://www.catacombepriscilla.com/pagine-eng/capellagreca.htm

   Como foi dito acima, nem seus nomes, nem seu número aparecem na narrativa bíblica. Muito menos sua aparência física ou a data de sua chegada. Através do tempo, a tradição foi adicionando detalhes, primeiramente por tradição oral. Pelo século IV, a chegada dos magos começou a ser comemorada na chamada Festa da Epifania, em 6 de janeiro (12 dias depois do nascimento de Jesus, em 25 de dezembro). (Mesmo hoje, em algumas partes do mundo cristão, é em 6 de janeiro que se trocam presentes, em comemoração aos presentes dos magos.
    O termo magoi, magos em português, se refere à astronomos ou estudiosos Persas, apesar de algumas vezes ser traduzido simplesmente como os "homens sábios". Logo eles foram identificados com figuras reais. No ano de 490, o imperador bizantino Zeno diz ter descoberto os restos destes "reis" em algum lugar na Pérsia e os trouxe para Constantinopla. Durante as Cruzadas, os restos acabaram chegando à Colonia, atual Alemanha, trazidos por Frederico Barbarossa em 1164. Hoje, eles estariam em Colonia, em uma magnífico relicário construído no século XII (veja fotos abaixo).

Catedral de Colonia. IN: http://www.koelner-dom.de


O relicário dos três reis magos, na catedral de Colonia que conteria os ossos dos magos desde o século XIII. IN: http://www.koelner-dom.de/.



   De acordo com a tradição, os nomes dos três magos seriam Baltasar, Melquior e Caspar. Baltasar, grego,  significa "Senhor, proteja o rei", Melquior, "O rei é minha luz", nome Aramaico, econtrado em textos Assírios e Babilônicos, Caspar, Persa. Segundo os pesquisadores, os nomes dos magos sugerem que eles vieram da Babilonia, um dos centros mais importantes de conhecimento astrológico e astronômico daquela época.
   Para um dos pais da igreja, Origines, os magos tiveram um papel especial como testemunhas do nascimento de Cristo, se olhado sob a luz da leitura da profecia de Balaão em Números 24.17:
Eu vejo - mas não agora, eu o contemplo - mas não de perto: um astro procedente de Jacó se torna chefe, um cetro se levanta, procedente de Israel.
Desde muito cedo esta passagem foi reconhecida como messiânica. E, para Origenes, os magos não foram simplesmente os primeiros visitantes de Jesus, eles foram os primeiros a reconhecê-lo como Messias.
   O reconhecimento dos magos como reis, aconteceu desde muito cedo na tradição cristã. Foi pelo século III que intérpretes bíblicos encontraram ecos do Salmo 72, na narrativa dos magos. Os versículos 10 e 11 lêem o seguinte:
os reis de Társis e das ilhas vão trazer-lhe tributo. Os reis de Sabá e Sebá lhe pagarão tributo; todos os reis se prostarão diante dele, as nações todas o servirão.
   Os magos, então, foram identificados como estes reis das "nações todas" que louvavam o Cristo.
   Os presentes dos magos foi interpretados alegoricamente por Irineu. Segundo este autor, a oferta de mirra (usada para ungir cadáveres), indica que Jesus morreria e seria enterrado pelo bem dos mortais; ouro, porque Jesus era um rei de um reino eterno; e incenso, porque ele era um deus.

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