terça-feira, 16 de outubro de 2012

meditação sobre Eliseu (2 Reis 4:42-44)




              Estes dias, lendo um livro histórico da Bíblia, me deparei com uma passagem que eu não havia me dado conta de seu significado. (Gosto muito de ler a Bíblia, pois toda leitura acabo encontrando algo que não havia parado para pensar antes). A passagem é do livro de 2 Reis, no capítulo 4, versículos 42 a 44:

“E um homem veio de Baal-Salisa, e trouxe ao homem de Deus pães das primícias, vinte pães de cevada, e espigas verdes na sua palha, e disse: Dá ao povo, para que coma.
Porém seu servo disse: Como hei de pôr isto diante de cem homens? E disse ele: Dá ao povo, para que coma; porque assim diz o SENHOR: Comerão, e sobejará.
Então lhos pôs diante, e comeram e ainda sobrou, conforme a palavra do SENHOR.”

Baal-Salisa, era um local próximo a Gilgal, que possuía um templo pagão. O homem trouxe ao homem de Deus, pães das primícias.No versículo 38, no mesmo capítulo, mostra Eliseu vindo a Gilgal e que “havia fome naquela terra”. Mesmo não havendo muito o que comer um homem dá as primícias, o que era destinado à Deus e a ser entregue em seu templo, para um indivíduo.
Confesso que quando li esta passagem, fiquei pensando: mas as primícias não eram um ato tão sagrado no Antigo Testamento quanto o dízimo? E com os meus óculos de leitor moderno, que vê o dízimo de uma maneira completamente anacrônica e errada, pensei que o homem estava fazendo algo errado e ele não devia dar a uma pessoa, mesmo sendo ela um homem de Deus, algo que era destinado à Deus em seu santuário.           
Vejamos a definição de primícias na Bíblia:
Em Êxodo 34:22 -26a, Deus a Moisés para que escreva que na festa das semanas, ou Pentecostes, o povo devia trazer à casa do Senhor as primícias do primeiros frutos da terra. Em Levítico, é definido como seria preparado estas ofertas de primícias: se pegavam espigas verdes de trigo, tostadas ao fogo, e sobre elas derramava-se azeite e põem elas sobre o azeite para depois fazer pães (Lv 2:14-16).
Agora voltando ao nosso texto, na época de Eliseu, o Templo de Jerusalém estava politicamente inacessível e o povo passava fome, e o homem escolheu dar suas primícias para Eliseu, para que este distribuísse ao povo.
O homem deixou aparentemente de dar à Deus, para dar à um profeta. Aqueles mais legalistas podem questionar esta passagem: Mas os dízimos e ofertas não deveriam ser dados no templo e para o Senhor? Este homem deve ser amaldiçoado, segundo Malaquias 3, já que estava roubando o Senhor.  
Fico muito triste quando leio passagens como esta e olho ao meu redor, procurando compreender o que a Igreja tem feito com a idéia do dízimo e ofertas. Já escrevi sobre isto no blog. É impressionante, como seres libertos da lei em Jesus Cristo, libertos de qualquer maldição, fiquem olhando para o Antigo Testamento e escolham passagens aleatórias, sim aleatórias, para usar na igreja atual. Perguntemos se estes mesmos indivíduos que escolhem o dízimo e primícias como algo legalista, que deve ser seguido à risca, como estava nas Escrituras e nos profetas, elegem o sábado como dia de descanso (fora os adventistas, mas isso é outra conversa), e circuncisam seus filhos? Então porque tamanha preocupação com que os dízimos e ofertas sejam seguidos da forma da Lei?
Quando li esta passagem de 2 Reis 4, pensei, o amor está acima de tudo. O homem de Deus e o povo estavam passando fome. Um homem piedoso, com o coração cheio de amor, pensou, “darei as primícias ao homem de Deus, e ele resolverá a situação”. E não foi que o amor transbordou e transformou a situação? Foi a primeira multiplicação de pães na Bíblia e um dos muitos milagres de Eliseu. E tudo por quê? Porque alguém resolveu não ficar preso a um sistema, a uma Lei escrita em pedras, mas sim à Lei do amor, que se baseia no que está no coração, e não na cabeça ou em livros. O profeta não ficou com a oferta, mas deu ao povo esfomeado.
Os dízimos eram entregues aos Levitas no templo. Eliseu não era um levita, e sim um profeta. Mesmo sendo um enviando de Deus, ele não era o receptor das ofertas. Nesta passagem, ele foi um canalizador das bênçãos de Deus para o povo esfomeado. E se o homem de Baal-Salisa endurece o coração e achasse que não devia dar a oferta para o homem de Deus e sim, somente para Deus no templo? O milagre não teria acontecido e o povo não ficaria saciado. Aqui, vejo a importância da colaboração, mas de uma colaboração com sentido e com amor. 
           Muito mais poderia escrever sobre isso, mas deixo somente uma pergunta para meditarmos tendo em vista a passagem acima: ofertas, dízimos e primícias devem somente ir para um templo, ou podem servir aos necessitados, sem passar pela estrutura do templo?

4 comentários:

  1. A religiosidade é um mal que assola muitos cristãos, mesmo naquela época, vemos a religiosidade sendo colocada por terra nessa passagem, quando um homem oferta a Deus com fé e amor, confia no profeta(representante fiel de Deus), essa é a chave.Crede no SENHOR vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas, e prosperareis;
    2 Crônicas 20:20.Para o verdadeiro ofertar não existem barreiras,podemos ofertar na vida de um necessitado, na igreja(templo), fora da igreja, pois nós somos o templo do Espírito Santo, nós somos a Igreja.A Salvação do homem se deu pelo ofertar de Deus: Jesus Cristo. João 3:16.Pelo sacrifício de amor à humanidade!E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. Efésios 5:2
    A Paz de Cristo para todos!

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  2. Concordo com vc qdo vc diz que o dízimo e as ofertas não precisam ser necessariamente dada para o templo,devemos fazer sim o bem ao nosso próximo,ajudar os órfãos,as viúvas e aos necessitados,pois a Palavra do Senhor nos diz que Ele honra quem honra.
    Penso assim.
    Bela explicação,esse texto li tbm esses dias,a Bíblia me surpreende a cada leitura!!!
    A paz!!

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  3. Que visão...que estudo maravilhoso.Que Deus abençoe poderosamente.

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  4. Sábia reflexão ! Seu estudo me fez refletir quanto é grande e imensurável os desígnios de Deus, acurada e conscienciosa a Sua justiça em relação aos seus.(Nesta passagem, Eliseu foi um canalizador das bênçãos de Deus para o povo esfomeado).

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