segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Ídolos Antigos e Modernos

     O arqueólogo Shimon Gibson, em seu livro "A gruta de João Batista", escreve: 

     "Pode-se provavelmente pensar que coletar relíquias seja um costume estranho, embora "primitivo" e esquecido, de uma era cristã remota, quando a comunicação de idéias religiosas entre certos povos às vezes só era realizada com êxito por meio de objetos físicos de veneração e devoção, tais como um pedaço da cruz de madeira de Jesus, algum pêlo de camelo da túnica de João Batista, a unha de Francisco de Assis, um ícone com a imagem de Maria e assim por diante. As pessoas olhariam fixamente esses objetos de devoção, tocariam neles e sentiriam uma conexão direta com a santidade atribuída a eles. Essa proximidade que foi estabelecida entre os adoradores e seus artefatos "sagrados" deu um enorme apoio a suas crenças, ajudando-os nos tempos díficeis e servindo de ponto entre suas vidas diárias e uma apreciação da essência da Bíblia e suas mensagens, mesmo que os devtoso estivessesm a grandes distâncias geográficas dos lugares onde realmente vivera e operaram os santos e os homens sagrados cujas relíquias eles possuíam.
     Numa época de intelectualismo e com a possibilidade do pensamento racional disponível para todos sem restrição, com acesso a uma literatura impressa variada e ao mundo aberto das comunicações via televisão e internet, você pensaria que um comportamento extremante ritualístico como o da devoção às relíquias cessaria completamente. Entretanto, por mais estranho que pareça, esse fenômeno de colecionar relíquias não só não desapareceu na sociedade ocidental, como também tem-se fortalecido; mas o foco mudou drasticamente do culto ao sagrado ou aos santos para o culto às celebridades e às personalidades da televisão. Para muitos fã, a busca por relíquias e suvenires de suas personalidades favoritas da televisão e do cinema, popstars e esportistas, mortos ou vivos, é encarada com intensa religiosidade e fervor."
   
     Qual a diferença na veneração de algo de uma personalidade e a veneração de uma relíquia "santa"?

Um comentário:

  1. Acho que vale pensar no instinto de colecionar das pessoas. Por algum motivo, quase todo mundo gosta de colecionar, ou ainda guardar objetos ou souvenires de lugares por onde passaram. Talvez, como está na citação, para sentirem-se novamente conectados à onde estiveram. O problema não é o memorial, mas a veneração do memorial. E aí lembramos da serpente de Moisés.

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