Bolsonaro
Parece um trabalho escolar, em formato de power point.
[os números no começo das frases indicam a página no plano:
https://static.cdn.pleno.news/2018/08/Jair-Bolsonaro-proposta_PSC.pdf]
2. uma crise
ética, moral e fiscal.
4. defesa da
propriedade privada
4. família e não interferência
do Estado
5. progressista? “Liberdade
para as pessoas, individualmente, poderem fazer suas escolhas afetivas,
políticas, econômicas ou espirituais.”
“uma Nação
fraterna e humana, com menos excluídos, é mais forte”.
Enquanto o projeto do
PT fala em nova constituição, marcos regulatórios e controle social, o projeto
de Bolsonaro fala em seguir a constituição e respeitar direitos. Talvez pela
sua fama em se posicionar à favor de ditadura, tenha-se querido amenizar isso no
plano:
6. “obediência à
Constituição, Assim, NOVAMENTE, ressaltamos que faremos tudo na forma da Lei!”
11. ênfase em seguir
à lei e respeitar a constituição, que tem sido desrespeitada e “rasgada”.
15. “As leis e,
em destaque, Nossa Constituição serão nossos instrumentos! Ninguém será
perseguido, todos terão seus direitos respeitados. Todavia, investigações não
serão mais atrapalhadas ou barradas.”
Democracia:
7. imprensa livre e
independente, sem controle ou regulamentação
Visão do próximo: “Devemos
ser fraternos! Ter compaixão com o próximo. Precisamos construir uma sociedade
que estenda a mão aos que caírem. Escolhas erradas ou tropeços fazem parte da
vida. Ajudar o próximo a se levantar nos diferencia como humanos.”
Um discurso que deveria estar mais presente na fala do candidato para além do papel.
Crítica à esquerda: achei uma crítica rasteira, utilização de termos não precisos que, ao mesmo
tempo em que congrega algumas visões de direita, também colabora para
afastamento de grupos menos extremistas (termos como marxismo cultural tem seu
equivalente na esquerda como neoliberalismo, por exemplo):
8. “Nos últimos
30 anos o marxismo cultural e suas derivações como o gramscismo, se uniu às
oligarquias corruptas para minar os valores da Nação e da família brasileira.”
Visão econômica e de
direita:
8. Governo liberal; sendo
“liberalismo econômico” um tópico destacado (p. 13).
Fala-se que vai
adotar esse modelo econômico, mas não há aprofundamento em como será conduzido
isso na prática.
Alguns tópicos um tanto quanto utópicos:
5. “livre do
crime, da corrupção e de ideologias perversas, haverá estabilidade, riqueza e
oportunidades para todos tentarem buscar a felicidade da forma que acharem
melhor.”
15. “O Brasil
passará por uma rápida transformação cultural, onde a impunidade, a corrupção, o
crime, a “vantagem”, a esperteza, deixarão de ser aceitos como parte de nossa
identidade nacional, POIS NÃO MAIS ENCONTRARÃO GUARIDA NO GOVERNO.”
Apesar de concordar
que o Brasil precise de uma transformação cultural, não entendo que isso ocorra
de forma rápida nem tão facilmente.
Com o item “Mais Brasil,
menos Brasília” parece-se que se quer descentralizar e desburocratizar os investimentos
públicos:
p. 19: “Os
recursos devem estar próximos das pessoas: serão liberados automaticamente e
sem intermediários para os prefeitos e governadores. As obras e serviços
públicos serão mais baratos e com maior controle social.”
Aqui, aparece o termo
“controle social”, que também aparece no plano do PT, mas que, na minha
opinião, parece mais relacionado à participação popular mesmo na fiscalização. Porém,
achei que se trata de mais um desejo do que algo possível de se fazer no curto
prazo.
Educação:
22. “dar um salto
de qualidade na educação com ênfase na infantil, básica e técnica, sem
doutrinar.”
Teor de debate da
direita. Mas não especifica muito em como vai acontecer esse salto de qualidade.
Muito superficial.
41. “SEM DOUTRINAÇÃO
E SEXUALIZAÇÃO PRECOCE. Além disso, a prioridade inicial precisa ser a educação
básica e o ensino médio / técnico.”
É um tema complicado,
porque é difícil se estabelecer o que é doutrinação. Acho que se devia
fortalecer a educação e não proibir/ coagir o professor. Há toda uma discussão sobre
“escola sem partido” em outros lugares, e eu não concordo. Se houver uma boa
educação, crítica e participação dos pais, não é um professor que pode “inculcar”
certas ideias nas crianças. Mas é um debate grande demais pra ser feito aqui,
só acho problemático essa visão.
Sobre ensino de sexualidade,
também concordo que é algo complicado de se aplicar nos anos iniciais. Isso deve
ser de alçada da família. Em minha opinião.
Me preocupa a ênfase no
ensino técnico. Não que isso não seja interessante, mas muitas vezes transparece
a vontade de formar pessoas o mais rápido possível para o mercado de trabalho, com
uma queda de qualidade. Acho que deveria investir mais em ensino superior para
qualificação. Fica bem forte um ensino tecnicista, onde o que não for produtiva
para o mercado, deve ser descartado.
43-44. A critica aos
gastos e mal gerenciamento da educação, que se reflete nas péssimas colocações
do Brasil nos índices internacionais é correta, mas não acho que o gasto que temos é suficiente, ainda que mal empregado.
46. critica Paulo
Freire, a forte doutrinação; fala de educação à distancia, mas não aprofunda
como seria isso. (Temos outras falas nesse sentido do candidato em outras mídias).
Segurança: se coloca
contra a esquerda na questão do armamento e segurança. Apontando dados, mostra
que em países e estados governados pela esquerda, existe mais criminalidade; que a
esquerda é contra policiais etc.
Temas que são bastante
opositoras à esquerda, e que tem apelo à direita: p. 32. Redução de maioridade
penal, reformulação do estatuto do desarmamento, tipificação como terrorismo as
invasões de propriedades rurais e urbanas, fortalecimento da propriedade
privada, endurecimento de penas prisionais, redirecionamento da politica de
direitos humanos, priorizando a defesa das vítimas da violências.
Fortalecimento das
forças armadas
Saúde:
Transparece um
projeto de pessoas que não tem prática na vida pública.
Não aparece nada em
como ser aplicada na praticas as ideias. A redução dos ministérios, por exemplo,
não sei se é a melhor saída. Teriam outras formas de reduzir gasto e ineficiência
do que cortar ministérios que muitas vezes são essenciais, como os relacionados
à ciência e tecnologia, por exemplo.
Em muitos momentos
parece um projeto mal escrito. Por exemplo, no item “linhas de ação”, sub-item “ECONOMIA”
se menciona somente: “Emprego, Renda e Equilíbrio Fiscal. oportunidades e
trabalho para todos, sem inflação.” Parece algo só jogado.
Economia: se enfatiza
que haverá um sistema de renda maior que o bolsa família, inclusive dizendo que
este tipo de programa se inspira em pensadores liberais.
Fim do monopólio da Petrobrás.
Termos que aparecem
repetidas vezes:
Corrupção: 20.
Esquerda: 10
Privatizações: 10
Vejam, analisei os planos dos candidatos e não sua fala e ações para além desses documentos. Claro que não dá pra basear nosso voto somente no que está dito nestes planos, até porque não depende somente do executivo cumprir o que se promete. Os projetos sempre possuem um tom utópico, de salvação e de conserto de tudo o que está errado. Deve-se também levar em consideração o que o candidato e seu partido fez até o momento.
Fica evidente que o
teor do plano é de se estabelecer contra tudo o que o PT e a esquerda
representam.
Tanto que existe um item
chamado “o problema é o legado do PT de ineficiência e corrupção”.
Daí seu apelo à todos
que estão mais à direita.
Mas a direita precisa
aprofundar o debate, pra não cair num jogo de extremismos em que somente se
atacam espantalhos. Não que a esquerda não fez por merecer. O sentimento de
acabar com tudo o que a esquerda representa é algo que tem um apelo significativo
na direita. Mas a discussão podia crescer e se aprofundar mais, com projetos
bem construídos.
Não entrei em questões
de economia, porque não tenho conhecimento do assunto.
O projeto pra mim em muitos pontos diverge das falas do candidato, mas ainda assim é bastante genérico e cuja aplicabilidade bastante complicada.
Transparece um projeto de iniciantes no jogo político, com muitas promessas difíceis de serem cumpridas. Mas isso é algo comum em todos os candidatos. Infelizmente. Os projetos políticos refletem a infantilidade dos debates nessas eleições.
Teremos anos tenebrosos pela frente, independente de quem ganhar as eleições.
valeu!
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