quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Evidências da ressurreição VII


Jerusalém. Sábado. 2000 anos atrás. Era a virada do inverno para o outono. Fazia frio. Jesus estava morto. Um silêncio pairava sobre tudo. Os discípulos estavam com medo, arrasados, com dúvidas. Pedro havia negado Jesus e chorou amargamente por isso. Tomé, um dos doze discípulos, havia abandonado a companhia dos outros, em dúvida que Jesus poderia ressuscitar. Seus irmãos não acreditaram nele em vida e continuaram a não acreditar após sua morte. [este é um quadro]
[este é outro quadro] Entretanto, alguma coisa aconteceu. Repentinamente, Pedro, de medroso, se tornou um dos mais intrépidos missionários; Tomé voltou a integrar os doze; Tiago, o irmão de Jesus, se tornou um apóstolo e foi considerado uma das colunas da igreja (junto com Pedro e João, Gl 2.9); e por último Paulo, um intransigente perseguidor dos cristãos, fariseu, se transformou no grande apóstolo que levou a mensagem cristã para fora do judaísmo. Realmente, algo aconteceu naquele domingo de Páscoa. É isso que vamos ver neste encontro. O que as evidências históricas nos mostram acerca do que aconteceu naqueles tempos.
 
Primeiramente, olhemos para a Data da composição e “produção” dos documentos do Novo Testamento.
Quando os israelitas retornaram do exílio babilônico para reconstruir o Templo e a cidade de Jerusalém, eles já haviam perdido muito da sua herança cultural, incluído a língua de seus antepassados. Em vez de hebraico, a maioria dos israelitas só falava aramaico, a língua do Império Persa. Muitos judeus continuaram a falar essa língua até à época de Jesus.
O evangelho era primeiramente uma tradição passada oralmente, na forma de credos e pregações, como a de Pedro em At 2.14-16). Nada a respeito de Jesus foi escrito nas primeiras duas décadas depois da sua vida na terra, e muitas razões para isso devem ter existido. Em primeiro lugar, Jesus não deixou nada escrito e nunca instruiu aos seus seguidores que escrevessem a seu respeito. Além disso, os primeiros seguidores de Jesus não se consideravam como parte de uma nova religião que precisava das suas próprias Escrituras. Eles eram, na sua maioria, bons judeus que aceitavam as Escrituras em hebraico e criam que Jesus era o cumprimento delas, o Messias prometido pelos profetas. Quando os gentios começaram a seguir a Jesus, eles adotaram o Judaísmo como a sua religião.
A razão para não escrever, entretanto, pode ter sido bem prática. Os primeiros cristãos criam que Jesus voltaria num futuro imediato. Portanto, eles não viram nenhuma razão para escreverem qualquer coisa. Eles podiam manter vivas as tradições a respeito de Jesus oralmente durante o curto período de tempo até que ele retornasse novamente em glória para julgar os vivos e os mortos e para tornar completo o seu Reino.
Nos primeiros anos do Cristianismo, relatos de Jesus devem ter sido transmitidos apenas por homens e mulheres que o haviam conhecido pessoalmente, e eles devem ter falado a partir do seu próprio ponto de vista. Conforme a fé em Jesus se espalhou, entretanto, outros devem ter levado os relatos de Jesus a lugares distantes.
Aproximadamente no ano de 50 d.C., cerca de 20 anos depois da ressurreição de Jesus, Paulo começou a escrever cartas para igrejas que anteriormente ele havia ajudado a estabelecer. Estas cartas foram os primeiros escritos cristãos.
Pela metade da década de 60 d.C já haviam morrido muitas das pessoas que haviam conhecido Jesus ou testemunhado que ele estava vivo. Ente elas estavam Pedro, Paulo e Tiago, o irmão de Jesus. Ao mesmo tempo, estava se tornando claro que a volta de Jesus não seria tão eminente e que seria uma boa idéia escrever um relato estruturado das palavras e atos de Jesus.
 O Novo Testamento estava completo por volta de 100 d.C, com a maioria dos escritos existindo entre 20 a 50 anos ANTES disso. A ordem que encontramos hoje quando abrimos o Novo Testamento é lógica. Em primeiro lugar vêm os Evangelhos, que registram a vida de Cristo; depois vêm Atos, o relato da propagação do cristianismo; em seguida vêm as cartas, que mostram o desenvolvimento das doutrinas da Igreja e seus problemas; por fim, Apocalipse, que nos apresenta a visão da segunda vinda de Jesus. A ordem cronológica seria diferente. A maioria dos estudiosos data assim os livros do Novo Testamento:
 
Tiago
45 – 49 d.C
Filipenses, Filemon
63
Gálatas
49
1 Pedro
63-64
1 e 2 Tessalonicenses
51
1 Timóteo
63-66
Marcos
50 ou 60
Tito
63-66
Mateus
50 ou 60
Hebreus
64-68
1 Corintios
55
2 pedro
66
2 Corintios
56
2 Timóteo
67
Romanos
57-58
Judas
70-80
Lucas
60
João
85-90
Atos
61
1, 2, 3João
90
Colossenses, Efésios
61
Apocalipse
Década de 90
Fonte: bíblia de estudo Ryrie.
Um critério que tem peso nesta datação é que estes escritos parecem suportar a destruição do templo de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C. A maioria dos escritos não relata este evento.
O material usado para as Escrituras do Antigo Testamento era o papiro escrito com uma pena feita de junco com uma tinta vegetal. O papiro possuía folhas relativamente grandes, que podiam ser unidas para formar um pratico rolo, no qual cabia o texto de um livro completo. Porém, o papiro não era um material durável e tinha de ser importado do Egito. Por volta de 500 a.C, uma nova superfície para escrita começou a ser desenvolvida em Pérgamo (uma cidade na costa ocidental da Ásia Menor, onde hoje é a Turquia). Chamado de pergaminho por causa da cidade onde foi desenvolvido, esse produto era feito de peles de animais, mas com um preparo mais avançado. O pergaminho pronto era mais claro do que o papiro e muito mais flexível. Por ser menos quebradiço, o pergaminho era mais fácil de ser dobrado. Criou-se uma nova forma de manuscrito, feito de páginas menores que eram costuradas para formar, não um rolo, mas uma espécie de caderno, um ancestral do livro que temos nos dias de hoje. É esse tipo de caderno, em pergaminhos, que Paulo pede a Timóteo que traga para sua prisão em Roma, no final de sua vida, em 2Tm 4.13. [A bíblia e sua historia. Stephen Miller. “o rolo vira livro”, p. 86-87].
Nos próximos três quadros, temos a comprovação da confiabilidade e fidelidade dos manuscritos do Novo Testamento. Se comparados com outros manuscritos da antiguidade, temos os melhores documentos em razão de sua quantidade e proximidade com os eventos narrados. A diferença é esmagadora em favor dos textos do Novo Testamento.
 
O Novo Testamento é facilmente o melhor escrito antigo comprovado em termos de números de manuscritos. Trabalhos clássicos antigos geralmente possuem comparativamente poucos manuscritos, sendo 20 cópias inteiras ou parciais um número excelente. Por comparação, o Novo Testamento tem mais de 5000 cópias. Isto provê o Novo Testamento com muito mais meios de critica textual do que outros documentos antigos.
Talvez a mais forte evidência de manuscritos consista na data entre o original e a cópia mais antiga. Para a maioria dos trabalhos clássicos antigos, uma lacuna de apenas 700 anos seria excelente, enquanto que 1000 a 1400 anos não é incomum. Por comparação, o papiro Chester Beatty e o papiro Bodmer, que na verdade são coleções de papiros, contém a maior parte do Novo Testamento e são datados de mais ou menos 100 a 150 anos após a conclusão do Novo Testamento. Uma cópia inteira do Novo Testamento (o Códex Sinaitico) e um quase completo manuscrito (Codex do Vaticano) data apenas de mais ou menos 250 anos após os originais. Portanto, datas tão antigas para o Novo Testamento ajudam a assegurar sua autenticidade.
 
Se compararmos a quantidade dos manuscritos do Novo Testamento com outros textos da antiguidade veremos a qualidade do Novo Testamento. Para o escrito de César, Guerra Gálica (escrito entre 58 e 50 a.C), temos 10 cópias boas. Outro exemplo: a História de Heródoto (c.488-428 a.C) possui somente alguns pedaços de papiros. No entanto, nenhum historiador ousaria dizer que Heródoto é falso e que seu trabalho não pode ser usado por nós por ele possuir mais de 1300 anos de idade após o original ter sido escrito. Mas quão diferente é a situação do Novo Testamento! Consideráveis fragmentos de cópias de papiros de livros do Novo Testamento datados de 100 a 200 anos foram descobertos.  (F.F. Bruce. New Testament documents – are they reliable?)
E Alexandre, o Grande? Não temos fontes da época de sua vida ou de pouco tempo depois de sua morte. Temos apenas fragmentos de duas obras escritas cerca de cem anos depois de sua morte. A verdade é: baseamos quase tudo o que sabemos sobre a vida "extra-ordinária" de Alexandre, o Grande, daquilo que historiadores escreveram cerca de 300 a 500 anos depois de sua morte! À luz das robustas evidências favoráveis à vida de Cristo, qualquer um que duvide da historicidade de Cristo deveria também duvidar da historicidade de Alexandre, o Grande. De fato, para ser coerente, tal cético deveria duvidar de toda a história antiga.       
            Algumas vezes é afirmado que os autores do Novo Testamento não podem ser comparados a escritores seculares antigos, já que as crenças dos autores bíblicos “coloriam” seus registros.
- há vários exemplos de historiadores antigos como Heródoto, Lívio, ou Tácito cujos trabalhos mostram similaridades em muitos aspectos com os Evangelhos, incluindo um intento moralizante e mesmo assim, eles são aceitos como históricos.
- os evangelhos estão muito próximos do período de tempo que eles registram, enquanto que historiadores antigos, como Plutarco e Lívio geralmente descrevem eventos que ocorreram até mesmo séculos atrás.
- historiadores antigos algumas vezes discordam entre eles acerca de algum acontecimento, como as quatro fontes para a figura de Tibério César. Ainda assim, a historia que eles narram pode ser correta.
- apesar de o principal interesse dos escritores dos Evangelhos fosse espiritual, a história também era muito importante. Não há boa razão para eles terem pervertido o histórico em favor de preservar o espiritual, quando ambos eram tão importantes e mesmo complementavam um ao outro.
- Sherwin-White, um importante historiador de Roma antiga (em “Roman Society”) conclui que se os mesmo critérios que são aplicados à outros escrito antigos forem aplicados para o Novo Testamento, nós podemos delinear uma base histórica para a vida e ensinamentos de Jesus.
 

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