quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Weber e Marx: A religião afeta a política e a economia?



“On a more general level, our results imply that religion is not just, as Karl Marx would have us believe, “People’s Opium”, but can, by its own force, signicantly change people’s preferences, both self-regarding and social ones.”
“Em um nível mais geral, nossos resultados sugerem que a religião não é apenas, como Karl Marx queria nos fazer crer, "Ópio do Povo", mas pode, por sua própria força, alterar significativamente as preferências das pessoas, tanto as que dizem a si mesmas como as sociais.” (BASTEN, Christoph; BETZ, Frank. “Does Religion affect politics and the economy?”. In: European Central Bank, Working paper Series, no 1393/Outubro, 2011, p. 26)
Em um relatório para o European Central Bank, produzido por Christoph Basten e Frank Betz, intitulado “Does Religion affect politics and the economy?” (A religião afeta a política e a economia?). Basten é economista com pós doutorado na área e Betz  trabalha para o Banco Central Europeu. A partir das ideias de Marx e Weber, os autores partem do seguinte questionamento: Será que a cultura, e em particular a religião, exerce um efeito em política e economia, ou esta é somente um reflexo da primeira?
Os autores analisaram os votos de cidadãos em referendos em diferentes municípios na Suíça, entre os anos de 1981 a 2003, focando nos assuntos referentes preferências por lazer, ou ética de trabalho, questões de redistribuição de renda e intervenção do governo. A escolha pela Suíça se baseou no fato de que ela é uma das poucas nações onde há uma variação de religiões majoritárias dentro do seu território, já que, desde o século XVI, algumas regiões adotaram a Reforma e outras continuaram Católicas.
As conclusões foram de que, nos municípios protestantes, havia menos suporte a atividades de lazer e a renda era maior, do que nos municípios católicos. Além disso, entre os protestantes havia maior igualdade de rendas.
Assim, as conclusões de Weber, de que, relativo ao catolicismo romano, o protestantismo reformado tem focado mais em preferências por redistribuição e por intervenção do governo na economia foi também o resultado encontrado pelos pesquisadores deste relatório para o contexto da Suíça. A noção luterana de vocação/chamado e a crença calvinista de predestinação levaram a uma predisposição ao trabalho e frugalidade que consequentemente conduziram a uma maior prosperidade econômica.
Será verdade para todo o Ocidente? Os próprios autores apontam a necessidade de se examinar, empiricamente e comparativamente, outros contextos, como por exemplo, outras regiões e outras confissões religiosas. Mesmo assim, eles ressaltam que é notável que, mesmo em um contexto de confissões religiosas cristãs e dentro de um mesmo país, encontrem-se diferenças significativas em preferências e em igualdade de rendas.
Para mais informações, pode-se ler o relatório completo, em inglês, aqui: http://www.ecb.europa.eu/pub/pdf/scpwps/ecbwp1393.pdf

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