“On a more general level, our results imply
that religion is not just, as Karl Marx would have us believe, “People’s
Opium”, but can, by its own force, significantly change people’s preferences, both
self-regarding and social ones.”
“Em um nível mais geral, nossos
resultados sugerem que a religião não é apenas, como Karl Marx queria nos fazer
crer, "Ópio do Povo", mas pode, por sua própria força, alterar
significativamente as preferências das pessoas, tanto as que dizem a si mesmas como
as sociais.” (BASTEN, Christoph; BETZ, Frank. “Does Religion affect politics and the economy?”.
In: European Central Bank, Working paper Series,
no 1393/Outubro, 2011, p. 26)
Em um relatório para o European
Central Bank, produzido por Christoph Basten e Frank Betz, intitulado “Does
Religion affect politics and the economy?” (A religião afeta a política e a
economia?). Basten é economista com pós doutorado na área e Betz trabalha para o Banco Central Europeu. A partir
das ideias de Marx e Weber, os autores partem do seguinte questionamento: Será que
a cultura, e em particular a religião, exerce um efeito em política e economia,
ou esta é somente um reflexo da primeira?
Os autores analisaram os votos de
cidadãos em referendos em diferentes municípios na Suíça, entre os anos de 1981
a 2003, focando nos assuntos referentes preferências por lazer, ou ética de
trabalho, questões de redistribuição de renda e intervenção do governo. A
escolha pela Suíça se baseou no fato de que ela é uma das poucas nações onde há
uma variação de religiões majoritárias dentro do seu território, já que, desde
o século XVI, algumas regiões adotaram a Reforma e outras continuaram
Católicas.
As conclusões foram de que, nos municípios
protestantes, havia menos suporte a atividades de lazer e a renda era maior, do
que nos municípios católicos. Além disso, entre os protestantes havia maior
igualdade de rendas.
Assim, as conclusões de Weber, de
que, relativo ao catolicismo romano, o protestantismo reformado tem focado mais
em preferências por redistribuição e por intervenção do governo na economia foi
também o resultado encontrado pelos pesquisadores deste relatório para o
contexto da Suíça. A noção luterana de vocação/chamado e a crença calvinista de
predestinação levaram a uma predisposição ao trabalho e frugalidade que
consequentemente conduziram a uma maior prosperidade econômica.
Será verdade para todo o
Ocidente? Os próprios autores apontam a necessidade de se examinar, empiricamente
e comparativamente, outros contextos, como por exemplo, outras regiões e outras
confissões religiosas. Mesmo assim, eles ressaltam que é notável que, mesmo em um
contexto de confissões religiosas cristãs e dentro de um mesmo país,
encontrem-se diferenças significativas em preferências e em igualdade de
rendas.
Para mais informações, pode-se
ler o relatório completo, em inglês, aqui: http://www.ecb.europa.eu/pub/pdf/scpwps/ecbwp1393.pdf
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