terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Educação: um privilégio e uma missão. Uma reflexão pessoal

Chegando ao final do meu primeiro semestre como professor se torna um momento legal para parar e refletir um pouco sobre isso.
Já havia dado aula anteriormente, inclusive no ensino superior por dois anos como professor substituto. Agora, porém, concursado, com responsabilidades de pesquisador são outros quinhentos.
Logo após passar no concurso para a UTFPR e antes de assumir, tive um momento de refletir sobre o que eu entendo por educação e o que eu queria passar para meus alunos como valores que deveriam prevalecer sobre todos os outros. Após um pequeno tempo de experiência, constatei que queria passar dois fundamentalmente: o espírito crítico e a busca pela verdade.
Cultivar esses dois talvez seja um desafio para todos nós. Vivemos em uma Era da Informação, porém, nunca conhecemos tão pouco. Informação é diferente de conhecimento.

Ensinar é um privilégio e uma missão. Sinceramente, não sei se possuo um dom ou vocação inerente para ensinar, mas sei que essa é meu chamado. Como assim? Explico: Muitas vezes confundimos essas duas coisas, vocação e chamado, e isso atrapalha muito nosso desenvolvimento na vida. Eu entendo vocação como algo que se nasce, um talento natural. Alguns tem facilidade com números, outros com instrumentos musicais e artes...
Eu por exemplo, não tenho habilidade nata de falar em público. Tenho o temperamento mais ou menos fleumático (minha esposa diz que tenho mudado) e prefiro ficar mais na minha. Ou preferia. Na medida em que fui avançando no curso de História, fui desenvolvendo ferramentas pra vencer meus temores e aprender a lidar com o público. Na verdade eu tenho uma paixão secreta por aprender algo e explicar depois pra outras pessoas. Usando isso, acabei entrando de cabeça nesse negócio de educação. Não que eu seja um exemplo de professor, acho que estou longe disso, mas tenho buscado melhorar cada vez mais.
O legal é encontrar novos desafios pela frente, e ensinar sempre é carregado deles. Uma mudança em minha mente foi como articular teoria com o cotidiano dos alunos? Como tornar o conhecimento mais interessante?
final de uma aula sobre filosofia medieval para o curso de matemática
A mudança em meu tema de pesquisa também foi algo que tive que pensar um pouco. Continuar pesquisando a mesma coisa que venho fazendo por anos ou mudar para algo novo e desconhecido? Foi um ponto fundamental, pois aqui está um momento chave em minha carreira: poderia continuar pesquisando e aprofundar o que já tinha anos de conhecimento ou poderia me aventurar em novos campos. Optei pela última opção, uma vez que pensei que minha pesquisa anterior se distanciava do universo tecnológico que estou adentrando. E também porque, durante os estudos preparatórios para o concurso, descobri que gostava muito do tema contemporâneo de ciência, tecnologia e sociedade. Percebi nesta temática uma oportunidade para mudar de "ares" e também estudar algo que estivesse mais presente no cotidiano de meus alunos e que pudesse influenciá-los.  
A academia permite a junção de pesquisa e ensino de uma maneira maravilhosa. É um local privilegiado para tal, e eu sempre gostei muito de pesquisa. Essa veia de aprender e depois explicar continua muito forte em mim. Assim, estender o que aprendo em minha pesquisa para a sala de aula é extremamente compensador.

Esse primeiro semestre como professor de uma universidade confirmou meu sentimento: ensinar é um privilégio e uma missão. É um momento impar, em que podemos dialogar com os jovens e ajudá-los a encontrar o melhor caminho para suas profissões. No processo nós educadores também saímos amadurecidos.
E olha que descobri isso dando aula para engenheiros e matemáticos. Algumas vezes o desafio é maior, pois muitos nestas áreas não vêem a importância das ciências humanas para suas formações. Daí entra a missão de apontar para os alunos a necessidade de pensamento crítico sobre si, sobre suas profissões, sobre o mundo que os cercam. Como viemos parar aqui? Como nossa sociedade chegou à esse ponto? Podemos mudar nosso contexto? Se sim, com que ferramentas materiais e cognitivas faremos tal coisa?
Talvez essa seja a maior missão de um professor: fomentar a dúvida e mapear o caminho para as descobertas.

Lembro-me sempre de dois professores que foram exemplares para mim. A professora Yara, de ciências no ensino fundamental de uma escola pública. Ela conseguia captar nossa curiosidade para as maravilhas do universo e nos ajudar a compreendê-lo. Minha paixão por buscar o conhecimento começou ali.
Outro professor, foi o Cleiton, de história, durante o cursinho. Ele articulava os pensamentos e manobrava conceitos e datas históricos como uma habilidade impressionante. Suas aulas eram muito divertidas, mas, o melhor de tudo, faziam sentido, algo muitas vezes difícil em meio a decoreba para o vestibular. Ele me fez decidir pelo curso de história.

Enfim, sei que a educação é uma carreira árduas muitas vezes, mas o resultado humano é muito satisfatório. Abracei meu chamado e me sinto realizado.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar este blog